Obrigada!
Não há homenagem, prémio, louvor ou palavras que eu possa escrever ou dar, que mostrem o tamanho da gratidão que sinto.
Não foi demonstrado todas as horas, até porque à mistura houveram outros sentimentos, a revolta e a exaustão. Mas foi sentida, é sentida em cada palavra de conforto, em cada partilha de cuidado ou preocupação.
A minha profunda gratidão vai para aquela equipa de enfermeiros e auxiliares que cuidaram de mim e amenizaram ou tentaram amenizar o meu desconforto a cada hora dos meus muitos dias. Vai para eles o meu mais profundo obrigada, eles que têm um amor autentico pela profissão que escolheram abraçar, trago o nome e o carinho de cada um de vós dentro do meu peito, e nunca me vou esquecer das partes boas, das gargalhadas, private jokes e dos momentos muito maus que viraram anedota, o resto eu não quero lembrar!
E quero agradecer à onda gigante de amigos e família que estiveram sempre comigo no pensamento, aos meus pais que foram todos os dias apesar das suas dificuldades me ver, levar o lanche e sentarem se ali mesmo que não dissessem nada, ao maridão e ao filhão que assumiram com uma brutal leveza o comando do barco, à família, tias, primas pelos mimos e por não me deixarem faltar nada, aos amigos que são a família que escolhemos, por estarem sempre aí, por respeitarem as minhas longas horas ou dias de silêncio, compreendendo muitas vezes, eu sei que não foi fácil, eu não querer nem ver, nem falar com ninguém. Apenas aconteceu para que não tivessem essa memória de uma Kuruka que não sou Eu. Obrigada por me aceitarem nos meus dias menos bons principalmente quando a exaustão me levava à revolta, e mandava tiros para todos os lados. Sempre disse que sou uma sortuda, por ter pessoas maravilhosas à minha volta, pessoas que me querem bem, pessoas que me querem de volta. Esta está a ser, sem dúvida a pior fase da minha vida e assim como nas melhores, vocês estão lá. Mesmo que não seja com a carne, é com o coração e isso eu nunca em dia algum ou em hora alguma eu deixei de sentir.
Não peço desculpa por não ter atendido todas as chamadas, ou não ter acolhido positivamente a todos os pedidos de visita, ou aos 2 dedos de conversa, eu não quis falar repetidamente o que eu tinha, eu quis falar de outras coisas que me levassem para fora de mim, para fora da minha débil experiência. Cansei-me de repetidamente dizer que não estava bem e que as coisas não estavam a correr bem e as pessoas não perceberem isso. Mas também percebo que é muito desafiante para alguém, ver uma pessoa na merda quando a principal imagem que retêm dessa pessoa é a positividade e a alegria. Por isso acredito que tenha sido também um desafio para muitos de vocês.
Eu tentei sempre fazer o meu melhor, mesmo nos dias em que isso não era possível, por isso não há pedidos de desculpa a fazer, apenas há o sentido de gratidão por vos ter, por serem parte de mim, e fazerem parte da minha vida.
O meu enfermeiro preferido, disse :- A sua filha foi muito corajosa!
E eu sinto mesmo que fui, e que sou muito corajosa! Mas esta coragem veio à tona por vos ter a todos a darem-me a mão!
Profundamente Grata
Kuruka