Dói-me!

Continuo à espera!

" Quem espera desespera" E que desespero.

Tudo isto tem muitos fragmentos de dor, dói quando achas que é e não tens diagnóstico, dói quando recebes o diagnóstico, dói quando partilhas com os teus, o diagnóstico. Dói quando não queres que os outros sofram ou se preocupem, dói lidar com a dor provocada ao outro. 

Quando a minha mãe adoeceu, eu quis estar no lugar dela para que ela não sofresse, agora eu estou com o bicho e ela continua a sofrer, e se calhar se eu lhe perguntasse, seria ela a dizer que queria estar no meu lugar. Nós não escolhemos a quem sai a sorte grande, ou a pequena sorte da falta de saúde, não podemos viver, ou caminhar com os sapatos dos outros, ou não podemos escolher viver as suas vidas, alegrias, dores, mas podemos escolher estar lá do lado, nem que seja somente estar. A lição eu acho, que é tentar não querer passar pelas coisas dos nossos pais ou filhos, com a esperança de amenizar a dor deles, porque vai doer na mesma, e vai doer por vezes com mais força. Eu tentei sempre não sobrecarregar ninguém com as minhas merdas, porque se fui eu que as criei sou eu que as tenho que resolver. Mas na doença não carregamos sozinhos, a menos que estejamos sozinhos na vida, o que não é definitivamente o meu caso, e de todas as experiências que tenho ouvido desta vida, de experiências semelhantes, é que são normalmente experiências de pessoas que tentam carregar o seu mundo sozinhas, que não partilham as suas dificuldades porque não querem levar preocupações aos outros, e não é por orgulho!

--Menos Kuruka, tu sabes que é por orgulho! Tu sabes que a palavra desistir, não consigo ou preciso de ajuda, é muito, muito rara no teu vocabulário! Tu tentas tudo sozinha, depois lixas-te! E deitas a toalha ao chão, porque foste demasiado orgulhosa para pedir ajuda, e vais embora! É bom que aprendas a pedir ajuda, a descansar quando for necessário, para não virares as costas a ti, à tua vida! Aprende Kuruka, aprende! 

 Os dias levam-se a rir, a tentar desconstruir o drama, ou tentar dimunuir a dor, mas não a minha a dos outros, porque a mim, nada me dói mais que a dor, dos meus causada por mim!

Kuruka